UM JUBILEU DE DIAMANTE PARA ANDY!
UM TRIBUTO A ANDY WARHOL EM SEU ANIVERSÁRIO DE 75 ANOS
Compilado e editado por Alicia Dhyana, gerente de Humanidades da Academia de Música do Brooklyn, com Suzanne Youngerman, diretora do Departamento de Educação e Humanidades.

O DIA SEGUINTE
(Esta coluna por Jonas Mekas foi reproduzida a partir da edição de 7 de agosto do Andy’s Daily Star)

Ontem à noite, eu estive entre os muitos sortudos que compareceram à festa de aniversário dos 75 anos de Andy Warhol. Não tenho certeza se posso chamar aquilo de festa. Deveria chamar de pandemônio. Qual era a de todas aquelas pessoas concentradas no prédio Brillo Box, projetado pelo próprio Andy – a magnífica estrutura que cobre todo a parte 9/11 do centro? New York raramente viu um evento como esse. As mesas de todos os conglomerados de Warhol, da África a Bancoc a Vancouver, eram destaque. O presidente Ventura estava bem à vista. Bill Gates, o rival mais próximo de Andy na indústria de computadores não foi excluído da festa, é claro, de acordo com o já bastante conhecido estilo de vida de Andy de total inclusividade.

Henry Geldzahler, que parecia um Buda com um charuto, ainda gozando de boa saúde, conversava com algumas pessoas da televisão, dizendo como a arte de Andy continua firme, especialmente seu trabalho nas artes virtuais e a laser, às quais ele dedicou muito do seu tempo nestes últimos dez anos.

E lá estava o próprio Andy, muito parecido com a maneira como me lembro dele nos primeiros encontros em 1962, mas agora sob as palmeiras no prédio que ele próprio projetou – sim, uma réplica da famosa Brillo Box –, rodeado de artistas de instalação, políticos, industriais e, claro, todos aqueles rapazes e mulheres atraentes. Em suas mãos cerradas – sim, a imagem cliché mostrada em tantos cartazes – ele empunhava a mais recente câmera AWZap, que ele apresentou há cinco anos. O impressionante brinquedo milagroso pós-Polaroid que não apenas impressionou Letterman, em cujo programa ele o exibiu pela primeira vez, como também Wall Street, quando as ações foram arremessadas pelo teto na manhã seguinte.

Para mim, um momento muito especial foi em torno de 22h, quando ninguém menos que o próprio George Maciunas chegou... todo produzido, de sobrecasaca e bengala e, sim, com o monóculo. Ele carregava um prato de bolinhos que mostrou a Andy. Claro que isso era, para os presentes, o mesmo que Rosebud no filme de Orson Welles. Eu sabia o significado daquilo. Andy sabia. E George sabia. Para todos os outros era e permanecerá nosso segredo, George agora gerencia uma dúzia de lojas Fluxus no Soho, o agitado paraíso de compras de Nova York. Maciunas está se divertindo muito com suas lojas-piada que vendem cadeiras Fluxus nas quais não se pode sentar, roupas Fluxus e sorvete Fluxus, que às vezes desconcertam, confundem ou enfurecem os turistas. Sua mais nova aquisição no Soho foi em janeiro último, quando abriu três restaurantes Fluxus – um que serve apenas comida branca, outro com comida azul e o terceiro com comida de cor vermelha. Enfim, foi bom ver estes dois provocadores dos anos 60, agora ambos celebridades e multi-bilionários, se juntarem novamente, como bons amigos ainda. Yoko Ono, esposa de George, se divertia também junto ao presidente Ventura, que parecia estar apreciando bastante a ocasião.

Em meio a toda esta comoção e agito, a arte de Andy foi ignorada. Ligeiramente obscurecidos por seus últimos blockbusters de arte virtual, podiam-se assistir a dois de seus melhores filmes, Sleep e The Chelsea Girls, ambos passando no Cinema Scorsese em frente à Praça Brillo. Um aviso enorme próximo à entrada anunciava que seria inaugurado hoje um canal especial de rádio que funcionaria 24 horas por dia sem interrupção, transmitindo todas as incríveis gravações de áudio de Andy. Levará exatos 365 dias para transmitir todas elas. Que banquete para os cientistas e antropólogos sociais e etc. e qualquer um que curta uma diversão. É inacreditável o que esse cara fez.

Portanto, levanto minha taça de vinho Andy (safra 1995, o grande ano para as vinhas do Andy em Montauk) a você, Andy, e lhe desejo muito mais!

Jonas Mekas